“Governo brasileiro disse que o corpo do atleta Dentinho é de responsabilidade da família. Mas o corpo do traficante Marcos Archer teve tratamento especial”.
Prezados amigos,
Recebemos hoje pela manhã, por volta das 8h, aqui na Capital Federal, o corpo do policial civil Carlos Eugênio Silva, morto durante uma prova de ciclismo nos Estados Unidos. O Policial Civil de Brasília, conhecido pelos amigos como “Dentinho”, tinha 48 anos, e participava dos Jogos World Police and Fires Games, que está sendo realizado nos EUA. Ele estava em um pelotão de ciclismo quando um ciclista caiu e os que vinham atrás bateram uns nos outros provocando a queda de muita gente. O Policial brasileiro bateu com a cabeça numa mureta e não resistiu aos ferimentos.
Quero aqui, além de deixar meus sentimentos à família deste nobre homem, expressar minha indignação e repúdio a postura do Governo Federal sobre este assunto.
Durante toda a semana acompanhei pelos noticiários e redes sociais a repercussão desta terrível perda nos Estados Unidos e no Brasil e confesso que me senti envergonhado por ver quanto descaso houve em relação a própria competição e ao retorno do corpo do policial/atleta.
Lá nos EUA, aguardando a saída do corpo de Carlos do hospital, houve um cerimonial e vários policiais locais compareceram, inclusive o Chefe de Polícia, e prestaram homenagens ao policial brasileiro falecido, dando tratamento de herói, mesmo sendo ele um estrangeiro. De acordo com alguns sites, eles declaram ser inacreditável existir uma Delegação representando o seu País sem o custeio das passagens e diárias. O próprio Chefe de Polícia achou estranhou o fato da Presidente Dilma não ter comentado, durante sua visita aos Estados Unidos, que tinha uma Delegação de Policiais representando o seu País nos jogos. Os americanos acharam um absurdo, também, que os policiais que estavam representando o Brasil nesses Jogos, o fez com recursos próprios.
Mas o que me deixou ainda mais indignado, foi a notícia de que o Itamaraty negou o translado do corpo do atleta para o Brasil. Sinceramente não quero acreditar que isso seja verdade. Não é possível que um atleta representando o Brasil tenha o traslado negado pelo consulado Brasileiro em Washington. Pelo que soube, o Itamaraty disse que se tratava de “natureza privada”, de responsabilidade da família do atleta.
Como um governo pode se negar trazer o corpo de um dos seus policiais, quando, em não muito tempo, protagonizou uma cena histórica no caso do traficante executado na Indonésia, com enorme comoção, pedidos de clemência, e notas de repúdio a sua execução?
O governo Dilma trouxe o corpo do traficante que morreu por transgredir a lei do país em que estava, mas se recusou a trazer o corpo do policial que estava representando e defendendo o Brasil de uma forma digna e honrosa. Este episódio é a maior prova de que estamos vivendo em época de total inversão de valores.
Minha pergunta é, o que a presidente do Brasil e o Itamaraty têm a dizer sobre tudo isso? Porque o translado do corpo de um traficante é mais importante do que o de um policial civil Brasileiro?
Como explicar a todos os brasileiros e, em especial, a sua filha de 12 anos, que o governo brasileiro teve toda atenção do mundo com o corpo do traficante Marcos Archer, até com lamentos presidenciais, e não teve com um cidadão de bem que representava dignamente o nosso país?
Pelo que sabemos, a família, a corporação e os amigos do policial, só puderam enterrá-lo hoje, graças a polícia americana, que supostamente foi quem bancou o translado.