Por Ana Café
A dependência química é uma doença que progride do uso, para o abuso e à dependência.
Muitos jovens começam o uso por curiosidade, outros pela pressão do grupo, para fortalecer a autoestima ou lidar com medos e frustrações.
É um processo que praticamente passou a fazer parte do ritual de passagem da adolescência para vida adulta. A grande questão é que, como as drogas criam uma sensação de prazer no cérebro devido a liberação de neurotransmissores relacionados ao aumento do prazer e redução do desconforto, a experimentação passa a ser um comportamento contínuo, colocando em risco nossos jovens, suas famílias e nossa sociedade como um todo.
A maioria dos jovens tem a ilusão do controle, apesar de rapidamente ficar claro para todos à sua volta que ele está perdendo o controle de sua vida, pois deixa de estudar, fazer esportes, fazer programas saudáveis e culturais, perde o controle de suas emoções, ficando cada vez mais irritadiço, desmotivado e impaciente.
Apesar de todas essas mudanças, na maioria das vezes os pais são os últimos a notarem essas mudanças ou a relacionarem ao uso de substâncias. Isso acontece muitas vezes por desinformação, e outras também por pura negação e consequentemente adormecimento da estrutura familiar.
Há algum tempo venho realizando palestras em torno do tema Sinais e Disfarces do Uso de Drogas. O intuito em torno do tema é mais uma vez criar uma aliança com os pais para prevenção ao uso de drogas junto aos nossos jovens.
Muito me admira que as mudanças sutis da adolescência, as alterações corporais, as buscas de novas emoções vão se dando e, mesmo assim, falta a informação ou a sensibilidade para perceber que, de uma maneira muito mágica, esse processo que deveria ser uma ruptura maravilhosa para o mundo de novas descobertas, da liberdade de escolhas, acaba sendo a porta de entrada das drogas.
Hoje as drogas vêm se transformando num ritual de transição, alguns passam pelo rito, outros não passam jamais. Eternos adolescentes, encarcerados em escolhas ou não, que talvez pudessem ter sido diferentes.
Deixo aqui algumas informações, com o intuito de chegarmos mais cedo. Quanto mais cedo acendermos os holofotes, mais claro será o futuro dessa geração.
Com muito amor, que cada vez possamos fazer mais pela prevenção.
Sinais
– Mudanças bruscas no comportamento, diferente das oscilações normais da adolescência.
– Queda do rendimento escolar ou abandono dos estudos. Hoje em dia se justificam mudando para supletivos, para terminar logo. As coisas têm o seu tempo certo, não devem terminar logo.
– Queda na qualidade do trabalho, inquietação, irritabilidade.
– Apresenta oscilação de humor como depressão ou agitação, e com relação ao sono, perde o sono à noite e tem sonolência durante o dia.
– Atitudes furtivas ou impulsivas.
– Uso de óculos escuros mesmo, sem excesso de luz.
– Camisas de manga longa, mesmo no calor.
– Uso de som em alto volume.
– Troca do dia pela noite.
– Síndrome amotivacional. Isso significa perda do desejo de realizar atividades que anteriormente lhe eram prazerosas.
– Aparência relaxada e descuido com a higiene.
– Redução da memória, da concentração e da atenção.
– Indisciplina e alterações de comportamento.
– Mudança de grupo.
– Afastamento completo das figuras parentais.
– Mentiras e pequenos furtos.
– Diminuição da capacidade de autocontrole e estima pessoal.
– Dificuldade para manutenção das relações afetivas ao longo do tempo, privilegiando aquelas feitas apenas baseadas no consumo das drogas.