Não que eu seja tão velho, mas me lembro de uma época em que sempre que cometíamos um erro, uma injustiça, uma infração ou qualquer outro desvio, éramos estimulados a consertar, remediar, repensar, retornar, corrigir. Às vezes nossos pais nos puniam a fim de que não cometêssemos mais o equívoco. Mas, o objetivo final de toda a correção era nos proteger e proteger quem estava ao nosso lado.
Eu sou um pastor, teólogo, cristão e, como tal, tenho como regra e base de vida as Escrituras Sagradas. Quando a leio, vejo que todos os mandamentos e leis de Deus são para que as pessoas vivam em harmonia, de maneira saudável e respeitosa para com o próximo. Não matar; não roubar; não cobiçar as coisas alheias; amar o próximo como a si mesmo; não levantar falso testemunho. Estes são alguns mandamentos de Deus para preservar a boa convivência dos seres humanos. O Criador não é um ditador tirano que dita regras para fortalecer seu ego, não. Ele é Criador mas, acima de tudo, é Pai, e como pai protege e ama profundamente seus filhos.
Com essa finalidade – embora saibamos que os seres humanos são corruptíveis – as leis de uma nação também têm o intuito de preservar a ordem, a integridade e o bem-estar da população. Infligir as leis é ir contra a ideia da boa convivência.
No entanto, o que tenho visto é que uma grande parcela da nossa sociedade não está mais disposta a pagar por suas infrações, a consertar os erros, a retornar do caminho errado. Querem e lutam por um Brasil “legal”.
Mas esse Brasil “legal” que vislumbram é uma realidade onde se tornará legal o que é prejudicial e ilegal. Querem legalizar o assassinato, o uso de drogas e a jogatina. Sim, meus amigos, é isso que querem.
Gritam em praça pública: “legalizem o aborto!”, “legalizem o consumo de maconha!”, “legalizem os jogos de azar”. Querem tornar legal práticas que satisfazem momentaneamente um impulso, um desejo, um vício, mas que, em curto, médio e longo prazo, trazem verdadeiras catástrofes na sociedade, nas famílias e para o próprio indivíduo. Querem legalizar, na ilusão de que não serão punidos por seus atos, mas a verdade é que talvez o Estado não as puna se essas coisas se tornarem lei, mas é certo que as consequências virão, pois são práticas diretamente nocivas ao corpo, que afetarão a saúde física e psicológica da sociedade.
Uma das declarações mais lúcida, verdadeira e contemporânea que li nos últimos anos foi a de André Frossard, da Academia de Letras da França. “A sociedade contemporânea, em sua inigualável covardia, prefere legalizar os seus erros a corrigi-los”.
Hoje querem legalizar o aborto, as drogas e os jogos de azar, mas e amanhã? Pedirão a legalização da pedofilia, do incesto? Nossa sociedade está visivelmente enferma e legalizar erros não é a melhor saída.