“O morador de rua, Francisco Erasmo Rodrigues de Lima, 61”, foi dessa forma que há exatos quatro anos o Brasil ouviu falar do Sr. Francisco.
Há exatos quatros anos o Brasil perdia o Sr. Francisco, ele não foi presidente, não foi doutor, não fez descobertas importantes, mas talvez tenha feito com que nós descobríssemos por nós mesmos que heróis estão em toda parte e os heróis improváveis são os que mais nos marcam.
Um homem de idade, sem uma casa para voltar e para muitos, sem nem um nome, tudo o que lhe restava aos olhos da sociedade era a vida e num impulso quase paternal de heroísmo, no berço da cidade de São Paulo e bem debaixo dos olhos de Deus, fez o que para nós, seria a troca mais difícil de todas, mas não pra ele. Ele deu a própria vida para salvar a de uma jovem de 25 anos feita de refém nas escadarias da Catedral da Sé.
Além do heroísmo em si, fica a nobreza do herói. Quantas jovens da mesma idade e de outras idades, não passaram pelo Sr. Francisco o olhando com desdém, com desprezo e ainda mais, pra quantas dessas jovens ele não foi simplesmente invisível? E ainda assim, por uma delas ele se sacrificou, se lançando para cima de um homem armado para dar apenas os segundos suficientes para que a jovem pudesse correr dali.
Em tempos onde o mundo exalta heróis de histórias em quadrinhos, jogos e livros, é preciso lembrar que os verdadeiros heróis podem estar pedindo a você um simples gesto de amor, que eles próprios dão muitas vezes sem pensar, ainda que lhes custe a vida diante dos olhos de dezenas de pessoas.
O Sr. Francisco, hoje, vive para sempre.