Quando falo em combate às drogas, falo como alguém que viu de perto as mazelas que ela pode trazer a sociedade, as familiais e ao individuo.
Poucas sabem, mas eu tive a oportunidade de ser coordenador, dos 18 aos 20 anos de idade, de uma comunidade terapêutica, diga-se de passagem, a primeira no Estado de Alagoas, meu Estado natal. Em Maceió, fui coordenador do Desafio Jovem de Alagoas, nos anos de 1997, 1998 e 1999. Eu trabalhei, durante dois anos, com 153 famílias, com equipe técnica multidisciplinar, coordenando, ainda sem ter formação acadêmica, uma equipe de psicólogos e assistentes sociais. Convivi com 153 famílias de dependentes químicos. Cinco anos depois, eu tive a grata satisfação de ter o resultado da recuperação de 33% desses 153 jovens que por lá passaram.
Lamentavelmente, uma boa parcela dos que se envolvem com as drogas e se tornam dependentes, não conseguem se libertar desta escravidão, chegam ao fundo do poço. Tornam-se agressivos, cometem furtos, e pouco a pouco vão perdendo sua identidade. Só quem conviveu e sentiu na pele o peso da dependência química sabe quão destrutiva ela é.
Sabemos que uma pessoa dificilmente já começa por consumir drogas pesadas, a iniciação às drogas começa com as lícitas (álcool, cigarro e medicamentos controlados) e é nelas que se deve ter cautela. A melhor forma de combater a dependência química é evitar o primeiro contato com as drogas.
Digo isso, para deixar claro que não estou usando a temática das drogas para fazer um discurso político, ideológico. Eu estou aqui para fazer um discurso vendo o lado do paciente. A questão das drogas, no Brasil, é muito mais séria do que simplesmente uma atribuição do Estado. Ela precisa ser vista com seriedade por todos.
Infelizmente, vejo muitos fazendo um debate ideológico. Poucos preocupados com o problema de fundo. Nós vivemos uma epidemia no País, que assola as famílias e isto supera Direita X Esquerda — ninguém cria um filho para se tornar um dependente químico. Essa é uma mazela, é uma desgraça que assola as famílias dos brasileiros!
Nós não estamos aqui para ver as famílias serem assoladas por essa praga! Nós precisamos, sim, de uma política transversal, mas também precisamos que os jovens, as famílias e os cidadãos se conscientizem e se unam no combate às drogas.